Alimentos alternativos para avicultura

O milho e o farelo de soja se destacam com as principais matérias-primas utilizadas na alimentação de aves pela qualidade dos seus nutrientes e quantidade de inclusão nas dietas. Porém, a procura do milho e da soja para a alimentação humana e pela indústria de combustíveis para a produção de biocombustíveis, as produções limitadas em determinados anos e os preços elevados seguidamente no mercado internacional tem feito com que essas matérias-primas tenham ficado cada vez mais escassas para utilização na alimentação animal (CASARTELLI et al., 2005).
Além disso, a avicultura em algumas regiões do Brasil encontra-se prejudicada pela baixa disponibilidade de grãos e outras matérias-primas para confecção das rações em virtude da sazonalidade e problemas relacionados a logística que elevam consideravelmente o seu custo, consequentemente afetando o custo de produção das aves (JAFARI et al., 2006; CRUZ, 2011; LOPES et al., 2011; HANNA et al., 2013). A partir dessa somatória de fatores, a produção de grãos nos últimos anos não tem sido capaz de atender plenamente a demanda nacional, especialmente na entressafra, havendo a necessidade de avaliar alimentos alternativos para substituição das fontes energéticas e proteicas nas rações. Estes alimentos, subprodutos, coprodutos, resíduos ou forrageiras, embora estejam largamente distribuídos em todo país, apresentaram inúmeras peculiaridades que demandam aprofundado estudo para comprovar seu potencial de inclusão em dietas avícolas (FERNANDES et al., 2012). No contexto encontrado na Amazônia, principalmente no Estado do Amazonas, onde há um evidente problema de logística e é praticado um alto valor para as matérias-primas convencionais, as pesquisas com alimentos alternativos em rações para aves visam principalmente minimizar os custos com alimentação, tendo em vista que estes chegam a correspondem até cerca 80% dos custos totais de produção, sem comprometer o desempenho dos animais (CRUZ e RUFINO, 2017).

Isolamento geográfico do Amazonas que prejudica a chegada de matérias-primas por vias menos onerosas.

Nas pesquisas com ingredientes alternativos para aves, três fatores são considerados como primordiais: o seu valor biológico do alimento, o seu potencial produtivo/zootécnico e a sua viabilidade econômica de utilização em diferentes escalas (CRUZ e RUFINO, 2017). Os resultados destes estudos relacionados à utilização de alimentos alternativos na alimentação de frangos de corte e aves de postura têm apresentado resultados variáveis do ponto de vista produtivo e econômico (CRUZ et al., 2006; SUNDU et al., 2006). Outrora, as exigências atuais do consumidor por alimentos saudáveis e naturais, tornam crescente o número de pesquisas na área de nutrição animal as quais visam encontrar alternativas para a substituição dos alimentos sintéticos utilizados nas rações de modo a manter ou incrementar a produtividade e a qualidade do produto, e reduzir os custos (GARCIA e DALE, 2006; GARCIA et al., 2009). O custo alimentar de dietas para aves deve considerar o valor de cada ingrediente em contraste ao seu teor nutritivo. Portanto, a avaliação nutricional aliada à análise econômica torna-se um fator determinante na decisão pela utilização ou não de um ingrediente alternativo na alimentação das aves, bem como, a resposta produtiva mediante interpretação da conversão alimentar em ganho de peso vivo e rendimento de carcaça das aves, ou percentual de postura e conversão alimentar em massa ou dúzia de ovos, assim, permitindo abordagem de parâmetros zootécnicos e econômicos simultaneamente (LEESON e SUMMERS, 2005).

O Amazonas apresenta inúmeras espécies nativas de plantas frutíferas que apresentam potencial econômico, tecnológico e nutricional, que vem despertando o interesse de estudos científicos em diversificadas áreas, tais como: alimentícia, farmacêutica, cosmética, aromatizante e essências (CLEMENT, 2005). E dentre estas, a equipe do Setor de Avicultura já testou e publicou trabalhos de pesquisa em periódicos nacionais e internacionais avaliando com êxito o uso dos seguintes alimentos alternativos:

• Farinha da Apara da Mandioca (CRUZ et al., 2006);
  
• Óleo de copaíba (HANNA et al., 2013; BEZERRA et al., 2015);
• Farinha do resíduo de tucumã (MILLER et al., 2013; RUFINO et al., 2015; COSTA et al., 2017a; COSTA et al., 2017b);
  
• Óleo de dendê (NOGUEIRA et al., 2014);
• Farinha de cará (MELO et al., 2015; FEIJÓ et al., 2016; MELO et al., 2017);
• Pimenta do reino (MELO et al., 2016);
• Farinha do resíduo de buriti (RUFINO et al., 2017);
• Silagem ácida de resíduos do processamento do pirarucu (BATALHA et al., 2017; BATALHA et al., 2018; BATALHA et al., 2019);
• Farinha dos resíduos de pescado (SILVA et al., 2017; RUFINO et al., 2019a);
• Óleo de castanha (RUFINO et al., 2018);
• Farinha do resíduo de açaí (RUFINO et al., 2019b; RUFINO et al., 2020);
• Óleo de resíduo de pescado (BRELAZ et al., 2019; BRELAZ et al., 2021a; BRELAZ et al., 2021b);
• Silagem biológica de resíduos do processamento do tambaqui (GUIMARÃES et al., 2019);

Estudos menores testando outros alimentos também foram executados e publicados em anais de eventos científicos nacionais e internacionais, avaliando a potencialidade e viabilidade de Castanha do Brasil, Quireira de arroz, Pupunha, Urucum etc.

Referências:
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2. BATALHA, O.S.; ALFAIA, S.S.; CRUZ, F.G.G.; JESUS, R.S.; RUFINO, J.P.F.; SILVA, A.F. Pirarucu By-Product Acid Silage Meal in Diets for Commercial Laying Hens. Brazilian Journal of Poultry Science, v. 20, n. 2, p. 371-376, 2018.
3. BATALHA, O.S.; ALFAIA, S.S.; CRUZ, F.G.G.; JESUS, R.S.; RUFINO, J.P.F.; GUIMARAES, C.C. Análise econômica da farinha de silagem ácida de resíduos de pirarucu em rações de poedeiras comerciais leves. RAMA - Revista em Agronegócio e Meio Ambiente, v. 12, p. 363, 2019.
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